A FAPERJ e o Departamento Cultural da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro apresentam a Exposição

Lupa

Fabiana Sena da Silva

Universidade Federal da Paraíba

Programa de Pós-Graduação em Educação

Inventada com o propósito de aumentar a nitidez do que se vê, a lupa é considerada a precursora dos óculos e incluída na categoria de instrumentos de observação da Ciência Moderna. Em 1250, Roger Bacon (1214-1294) criou a lupa provido de uma lente que tinha a capacidade de ampliar imagens virtuais. O material utilizado para a produção de Bacon foi o vidro, descoberto em 4.000 a.C.

Ao longo da história da humanidade, foram identificadas muitas lupas, em diversas regiões, a exemplo de uma, à base de quartzo, nas ruínas do palácio do rei da Assíria, Senaqueribe (708-681 a.C.), em 1885. Fabricando vidro desde o século VI a.C., os chineses conheciam lentes de aumento e de diminuição, usando-as também para iniciar o fogo. Relatos do historiador Plínio (23-79 d.C.) citam 'Vidros Queimadores' (lentes), produzidos pelos romanos; esse vidros, por intermédio da luz solar, produziam chamas, logo podiam ser de grande utilidade para esse povo. Uma lente plano-convexa foi descoberta nas ruínas de Pompéia, em Roma. Na China, desde o século X, também já se moldavam lentes, utilizando-se cristal de rocha natural.

No final do século XIX, a lupa de mão foi comumente utilizada como instrumento de investigação pelo personagem de ficção da literatura britânica, criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), o detetive Sherlock Holmes. Desde a sua criação, entretanto, as pessoas já recorriam à lupa para ver com mais nitidez pequenos objetos e alguns detalhes ou superfícies.

Permitindo se enxergarem detalhes que a olho nu não se veriam, esse valoroso instrumento, também denominado de microscópio simples – por ser constituído de uma única lente convergente –, também oferece a vantagem de fácil portabilidade, por ser leve e versátil.

Nos dias de hoje, a lupa de mão é um equipamento ainda presente no cotidiano das pessoas por ser ideal para auxiliar em atividades que exigem maior acuidade visual, como leitura, artesanato, estética, joalheria, entre outros. A imagem da lupa de mão é comumente utilizada como ícone em sites que têm o recurso 'busca' ou 'pesquisa'.

O funcionamento da lupa se dá em razão de o olho humano apenas focalizar uma imagem de um objeto em sua retina se a distância entre o objeto e o olho for maior que a de um ponto específico, um Ponto Próximo. Percebe-se facilmente a imagem desfocada quando o objeto visualizado está mais próximo do olho do que a distância esperada do Ponto Próximo. É notado facilmente quando o objeto está mais próximo do olho que a distância do Ponto Próximo a imagem se torna desfocada. A posição do Ponto Próximo é variável, de pessoa para pessoa. Faz-se necessário ressaltar, porém, que essa distância é mais comum em pessoas mais idosas. Exemplo é quando algumas pessoas não conseguem ler de perto, precisam esticar o braço (aumentar a distância do papel para o olho) para poderem ler sem dificuldades.

Assim, podemos imaginar que um objeto posto sobre o Ponto Próximo de um olho humano tem o tamanho da imagem produzida na retina; essa imagem varia conforme o ângulo que o objeto ocupa no campo de visão. Ao aproximar o objeto do olho, aumentamos esse ângulo. Ampliamos a capacidade de observar detalhes do objeto; todavia, como ele está numa distância menor que a do Ponto Próximo, o vemos sem foco, diminuindo sua nitidez.

Para que a imagem desfocada fique nítida outra vez, precisamos colocar uma lente convergente entre o olho e o objeto (é necessário que o objeto esteja mais próximo do olho do que o ponto focal da lente). A lente convergente se caracteriza por sua formação de vidro com um formato específico, curvada para o seu exterior, ângulo que permite a convergência de raios de luz em geral. Dessa forma, o que o olho passa a enxergar é uma imagem virtual do objeto, de modo que essa imagem fica mais distante do olho do que o Ponto Próximo, tornando-se, portanto, nítida.

Referências bibliográficas

FRUGONI, Chiara. Invenções da Idade Média. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Zahar, 2007.

HALLIDAY, David; KRANE, Kenneth S. e RESNICK, Robert. Física 2. 5ª. edição. Editora LTC. 2007.

ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da Ciência, vol. 1. Da Antiguidade ao Renascimento Científico. Brasília, Fundação Alexandre de Gusmão, 2012. 4v.