A FAPERJ e o Departamento Cultural da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro apresentam a Exposição

Luva

Lia Faria

Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ

Programa de Pós-Graduação em Educação/ProPEd

Os objetos evocam a experiência da vida em sociedade, como uma aventura para favorecer a interpretação histórica por meio do olhar. A história dos objetos antecede a escrita e revela dimensões da vida humana, identificando vozes ausentes no suporte escrito. Muitos objetos como as LUVAS caem em desuso e deixam de participar da vida dos cidadãos, tornando-se objetos da cultura visual. Neste sentido, no movimento da história os objetos se deslocam.

As luvas já foram um item indispensável do vestiário feminino conferindo elegância e charme as mulheres até o século XIX, embora se mantivessem ainda na primeira metade do século XX. Também fazendo parte da indumentária masculina.

A estética francesa se impõe com a sede da corte portuguesa do Brasil, principalmente depois da independência nacional. O Rio de Janeiro de então era o Brasil e a rua do Ouvidor. O centro da cidade se tornou o local para flanear e comprar. Assim a moda prosperou a partir do avanço tecnológico do século XIX e permitiu a sua popularização.

A luvas são peças obrigatórias para completar os elegantes trajes femininos, cada item fez da mulher uma fonte de capital simbólico. O vestuário discute relações de poder, de gênero, de prestígio e distinção. A roupa se define na cidade, como marca de experiência urbana. Por outro lado, as práticas urbanas conferem historicidade aos objetos até que caem em desuso deixando de participar da vida cotidiana da cidade. Deste modo, as luvas são observadas a partir de sua inserção significativa no vestuário da vida urbana.

Objetos ressaltam as experiências de uso, ostentação e reificação. Os próprios portadores dessas coisas passam a fazer parte da mis-en-scène da história da cidade. Logo, esses objetos representam portais da memória nos transportando ao espaço-tempo em que circulavam pelas ruas. Nesse momento, suas biografias se tornam personagens da crônica carioca.

Deste modo, andando pela cidade ficam as visões daquelas imagens em que as luvas marcaram a memória do Rio. Luvas de seda, de veludo, de crochê, de couro, cobrindo principalmente as mãos femininas das senhorinhas de então.

Referências bibliográficas

KNAUSS, Paulo; MALTA, Marize; LENZI, M. Isabel (Orgs.). História do Rio de Janeiro em 45 objetos. 1. ed. Rio De Janeiro: Ed. FGV - Jauá, 2019. v. 1. 371p.