Óculos/Pincenê

Objeto raro, hoje vendido em leilões como peça de coleção, Pincenê é um modelo de óculos criado para compensar ametropias e auxiliar no ato de ler. Considerado o primeiro modelo moderno de óculos, o Pincenê é uma versão leve, segura e confortável desse importante acessório produzido com o objetivo de tornar a leitura possível e mais agradável.

Inventado no século XV, e usado por mais de cinco séculos, o Pince-Nez, nome de origem francesa, significa “óculos sem hastes que se prende ao nariz pela pressão de uma mola. Etimologicamente, é formado por dois termos: pincer, que significa beliscar; e nez, que significa nariz. A grafia usada na língua portuguesa é 'Pincenê', cuja tradução literal significa 'alicate de nariz'. De fato, o Pincenê não tinha hastes e era somente ajustado ao nariz por uma pinça que prendia os dois aros correspondentes às duas lentes e os ajustava à ossatura do nariz. Para evitar que os Pincenês caíssem ao chão, a peça era presa às vestimentas por uma corrente. Os Pincenês deram origem aos óculos Lornhons, também de origem européia, inventados ainda no século XV, criados com um haste lateral dobrável para serem segurados com a mão e colocados em frente aos olhos. Os Lornhons foram fabricados até o século XX e fazem surgir os primeiros modelos de óculos femininos. O modelo tornou-se famoso por ser o 'óculos de ópera', utilizado como acessório especialmente nas idas aos teatros. Sua haste dobrável fora produzida em diversos modelos, distinguindo os mais sofisticados para mulheres e os mais simples para homens. Alguns eram confeccionados com pedras e metais preciosos. Quanto mais sofisticado o design do par, constituído de metal valoroso, como ouro e prata, ornado por pedraria esculpida, maior a “importância” da pessoa na sociedade.

No século XVII surgiram os Numont, primeiros óculos com hastes fixas apoiadas nas orelhas. O modelo ofereceu mais conforto e, desde então, deu origem a modelos femininos alternativos. As armações finas e leves eram mais confortáveis e o uso de material diverso extraído da natureza acabou por tornar o acessório não só necessário, mas mais estiloso, expressando a personalidade e as condições sociais e econômicas de seus(as) usuários(as).

Ao longo do século XX tendências ditaram os modelos mais utilizados pelas mulheres. Nas décadas e 40 e 50, o modelo “aviador”, preferido dos pilotos da força aérea americana, passa a ser fortemente assumido por elas. Na década de 60, o óculos estilo browline, que contornava as lentes apenas na parte de cima, seguindo o desenho das sobrancelhas, foi bastante utilizado, mas o modelo cat eye ou “gatinho” dominou, tendo sido explorado por importantes personagens femininas do cinema. Em 70, o estilo bug eye, que trazia lentes enormes, virou moda rapidamente, mas os modelos geométricos, explorados pelos movimentos hippie e punk, logo se impuseram e alcançaram seu auge, pois representavam a vontade de mudança daqueles tempos. Nas décadas de 80 e 90, a variedade de modelos com aros grossos e finos, tornou o acessório menos padronizado e mais criativo a ponto de desconstruir estilos hegemônicos e padronizados, mas, o modelo wrap around, que contornava o rosto nele se encaixando, predominou ao explorar a imagem saudável de quem pratica desporto. Com a chegada dos anos 2000, a peça se diversificou ainda mais, tornou-se multicolorida, leve e personificada.