Estojo de Manicure

Antigo estojo de manicure, com revestimento interno de cetim, composto por 10 peças espessuradas a prata, adornadas em relevos. Datado do século XIX, medindo 22 × 26 cm.

Estojo: derivação regressiva de estojar. Substantivo masculino. Pequena caixa com subdivisões adequadas para o armazenamento ou o transporte de determinados itens.

Manicure: palavra derivada da junção dos substantivos em latim manus (mão) e cura (cuidado).

Há indícios de que a história dos cuidados com as unhas, relacionados com o perfil da manicure, tem mais de 3 mil anos. Por volta de 3000 a.C., no Egito Antigo, as pessoas pintavam unhas e dedos com hena de uma cor marrom-avermelhada. Essa cor indicava riqueza, e havia cores específicas atribuídas às mulheres reais, para distingui-las das mulheres comuns.

No século XVIII, na aristocracia real francesa, conhecida por seus hábitos de higiene pessoal distintos, destacava-se Maria Antonieta como ícone de beleza e cuidados pessoais. Weber, em um dos trechos do livro Rainha da moda: como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução, destaca o estojo de manicure como um dos itens que constavam de sua bagagem. Atualmente, esse estojo está na coleção permanente do Musée Carnavalet, em Paris, França.

Um dos muitos itens preciosos que Maria Antonieta levou na viagem foi um pequeno estojo de manicure de jade em que ela pintara uma miniatura de si mesma a cavalo — uma recordação que talvez servisse para firmar sua decisão e lembrá-la, nas palavras de Mirabeau, do que “uma mulher podia fazer na sela” enquanto comandava a partida de Paris. Tivessem seus detratores conhecimento da inclusão desse objeto na bagagem, teriam certamente visto nisso uma confirmação de seus piores temores acerca dessa perigosa caçadora real. (WEBER, 2007, p. 258-259).

Contextualizando os detalhes das peças destacadas no século XIX, pode-se inferir que os estojos de manicure foram projetados para mulheres aristocráticas, considerando os materiais utilizados em sua fabricação e os detalhes apresentados nos acabamentos: caixa revestida em cetim e peças espessuradas a prata. Notícias e artigos que mencionam o cuidado com as unhas como importante marca de higiene e beleza para as mulheres no século XIX podem ser encontrados nas edições de periódicos como A Mãi de Familia:

Fonte: A Mãi de Familia, 1879-1888.

Na dramaturgia, a contextualização relacionada com o padrão aristocrático pode ser resgatada por meio de uma das cenas do clássico filme E o vento levou (1939), interpretada por Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable). Quando ele carinhosamente a cumprimenta, segurando-lhe as mãos, nota que suas unhas não estavam bem cuidadas. Isso o leva a acreditar que a jovem não estava no nível de aristocracia que tentava demonstrar.

Nos dias atuais, as unhas ainda se destacam como importante marca de higiene e beleza para as mulheres, podendo ser consideradas também um diferencial de status e forma de expressão cultural na sociedade moderna.